quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Dá que pensar...

É contado que há muito tempo num país distante, numa localidade remota viveram-se tradições que nos fazem pensar nas nossas atitudes actuais. Uma delas é relativamente á velhice e, como prática pouco comum, passou de geração em geração apenas naquele local. Tinha-se por hábito abandonar um idoso com mais de 70 anos, deixando-o sozinho num monte um pouco distanciado da cidade. Um dia, um Homem de quarenta e poucos anos, temeu o pior e, para ser o mais rápido possível, acordou o seu pai nesse dia e saiu com ele. Tinha pela frente a difícil tarefa de abandonar o próprio pai de 73 anos. Foi uma decisão difícil nesse dia mas, para não sofrer mais, decidiu faze-lo rápido e emudecido, para que não sentisse tanta dor. Acordou o seu pai que, já esperando por esse momento, apenas o fitou com o olhar terno mas desolador. Preparou tudo sem trocar uma palavra com o seu pai e pegando na única coisa que o iria manter ligado ao progenitor, partiram. Tinha-se como cultura, fazer a ultima viagem da sua vida acompanhado do filho e do cobertor que o ia proteger do frio, e que por outro lado, os mantinha ligados. Normalmente nesta viagem tinha-se a ultima conversa com a pessoa enquanto se caminhava. Neste caso aconteceu o contrário: duas horas de caminho completamente mudas e com clima tenso e pesado. Quando chegaram ao sítio, o homem entregou o cobertor e despediu-se do pai num tom seco. Na realidade estava completamente quebrado por dentro. Ao afastar-se 50 metros do local, o homem ouviu o pai dele chamar-lhe. Aproximou-se e o velho, rasgando o cobertor, disse: toma metade do meu cobertor para teres com que te cobrir quando for a tua vez. O homem desatou a chorar, e abraçado ao pai, pediu-lhe perdão, trazendo-o para casa.