quinta-feira, 1 de julho de 2010

Desabafos de um forasteiro

Os erros passam. A verdade fica. Miserável é aquele que ama sem, na mesma medida, ser amado. Vendemos a nossa essência por tão vãs coisas. Condenamos um erro mas ainda há pouco cometemos três piores. Somos tudo menos nós, tudo menos o que acreditamos. Alimenta-se diariamente a máquina, onde se trocam supostos clichés, carregados de falsidade odiosa. Quão vão é o destino das massas que, caminhando para o matadouro, acredita ser feliz. Matam-se sonhos, destroem-se vidas, aniquilam-se individualidades. Os que lutam contra isto morrem lenta e dolorosamente. Queima lenta e corrosiva. De dentro para dentro. Mas o exterior, apenas aquilo que queremos mostrar é o apenas e só o nosso ideal de perfeição. Quão enganadores somos. Todos. Quero trocar-me por um novo, um perfeito. Que é que precisa saber? Destruído e arruinado, escondo da realidade hipotética o que é na verdade real. Nada. Tratados como nada somos. Da máquina esmagadora que marca o ritmo alucinante já era de esperar… mas de alguém importante, a pessoa pela qual daríamos a vida? Faz-nos sentir pequenos, reduzidos a pó. Nada. Não deposites confiança máxima em ninguém. Ninguém! Expectativas a mais numa pessoa podem desmoronar o nosso castelo de ilusões. Mas não podemos viver sem ilusões. Podes existir sem ilusões mas, decerto poderei afirmar, que não viverás. Vagueio sozinho pela rua que outrora me fez rir. Passo vez após vez no largo onde tive momentos de felicidade. Onde sentia um coração bater ao lado do meu. O teu. Se for como dizem, um dia sentirás um pouco do que digo. Se não, a máquina encarrega-se disso. Chegar á conclusão que aquilo que amei era mais irreal do que o meu mundo de fantasia faz-me acreditar não quão insignificante sou. Nada é para sempre. Eu amei com tudo o que tinha. Cinzento é o meu mundo, no qual não sou incluído. Escravo da minha própria liberdade, concluo que efémera é a vida, onde nos é imposto o plano: Fazer ou morrer… há melhor plano que este? Não há outro. Não sei se sou aquilo que em que acredito ou se acredito naquilo que sou. Vem comigo. Lembras-te como era? Sem ti não é igual… lembra-te… sentado na mesma mesa de sempre aguardo… calma e tranquilamente espero por aquilo que sei que não virá…

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